Durante o processo de internacionalização pelo qual estamos passando, as diferenças entre a burocracia e o modo de fazer negócios ficam evidentes.
Abrir a nossa empresa aqui no Brasil levou cerca de três meses e exigiu a contratação de advogado e contador. Era uma empresa ‘limitada’, mas pouco tempo depois tivemos que mudar o nosso objeto social: mais alguns meses e mais dinheiro, aprovações na junta comercial e em outros órgãos.
Com a entrada do investidor, tivemos que transformar a nossa empresa de ‘limitada’ para ’sociedade anônima’. Mais dinheiro, mais contador, mais documentos, mais advogado, mais burocracia, muito mais tempo.
Quando fomos começar nosso negócio nos EUA, a diferença ficou evidente. Ligamos para o advogado e em cerca de quatro dias – e gastando bem menos dinheiro – estávamos não só com a empresa aberta, mas com uma conta no banco também. Isso tudo sem sair do nosso escritório em São Paulo.
Conversei na semana passada com um representante do governo inglês e ele me disse que na Inglaterra abrir uma empresa demora cerca de 40 minutos (pela internet) e custa cerca de 40 libras (e se você abrir uma conta em alguns bancos, eles reembolsam este valor). Além disso, há muitos incentivos para se investir em startups, inclusive esconto no imposto de renda.
As diferenças entre os países desenvolvidos e o Brasil não param por aí. Tivemos que contratar alguns funcionários nos EUA. Toda negociação sobre como seria a remuneração, férias, horas de trabalho, entre outros assuntos, foi feita diretamente por nós com os candidatos. Quase não existem restrições como acontece aqui com a CLT, além dos encargos lá serem quase inexistentes.
Tivemos as mesmas facilidades nos contratos de aluguel do escritório, no controle da contabilidade e até no registro de marcas. As coisas lá funcionam!!!
Sempre que converso com investidores estrangeiros (que são fundamentais para o empreendorismo), aparece a mesma reclamação: como é difícil montar e fazer negócios aqui no Brasil. É muito complicado para eles entenderem a quantidade enorme de impostos que temos que pagar e a demora e a burocracia que existe.
Um dos nossos investidores, por exemplo, fechou conosco no final do ano passado e ainda não conseguiu abrir a subsidiaria brasileira e nos enviar os recursos.
O interesse dos estrangeiros pelo Brasil está aumentando muito e vemos cada vez mais startups com projetos interessantes e inovadores sendo criados por aqui, mas se não mudarmos as leis vai ser difícil ver o novo Vale do Silício acontecer no Brasil.
Fonte: Evidência S.I.
Escrito por Renato Steinberg | O ESTADO DE SÃO PAULO
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