Em vigor desde primeiro de agosto, há pouco mais de um mês, portanto, a
regulamentação do Cadastro Positivo – banco de dados cuja finalidade é mostrar
se o consumidor paga as contas em dia – é o primeiro passo rumo a um novo
ambiente de análise de crédito, em que ganha peso não apenas a informação
negativa.
"Segundo estimativas do Banco Mundial os países que adotaram o Cadastro
Positivo começaram a ver resultados, em média, após dois anos da aprovação da
lei", afirmou Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo
(ACSP) e superintendente do Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEDV). "Aqui,
o consumidor deve autorizar a inclusão de seus dados no cadastro, mas para isso
é preciso que seja mais divulgado por bancos e lojas".
Ele fez a afirmação na tarde de ontem, durante debate sobre gestão da
inadimplência, do qual participaram outros economistas, no C4 - Congresso de
Cartões e Crédito ao Consumidor, no Centro de Convenções Frei Caneca. Segundo
Solimeo, a divulgação mais ampla também ajudaria a sensibilizar os consumidores
para a importância de incluir suas informações no banco de dados do bom
pagador.
O economista da ACSP lembrou que o Cadastro Positivo também será importante
para o consumidor que assume múltiplas dívidas, que podem levar ao descontrole e
à inadimplência. O sistema permite que o credor visualize o quanto a renda do
consumidor está comprometida antes de conceder o crédito.
Confiança – Para Solimeo, o índice de inadimplência não é preocupante no
curto prazo porque está estabilizado e com propensão para cair até o final do
ano. No entanto, a desaceleração do crescimento do número de empregos e da renda
podem ter um impacto nesse indicador em um momento não muito distante. "De todos
os indicadores, o aumento de juros tem um peso significativo na inadimplência
porque encurta os prazos de renegociação de dívidas", afirmou.
Para que o Cadastro Positivo tenha maior aceitação, economistas concordaram
que é preciso haver maior confiança do consumidor quanto à utilização correta
dos bancos de dados, que são controlados por birôs de crédito. Na opinião de
Solimeo, os próprios birôs podem se unir para elaborar um código de ética ou de
autorregulação, com as normas para a proteção dos dados dos consumidores. Nessa
direção, Emilio Augusto Vieira Neto, contador e gestor de cobrança do Club S/A,
do Grupo Marisa, afirma que é importante que exista uma entidade ou agência
reguladora que promova a união dos birôs de crédito para o Cadastro Positivo. "É
preciso terminar de alinhavar, para que o consumidor autorize seus dados e tenha
o benefício que o Cadastro Positivo carrega no seu bojo", destacou.
Fonte: Diário do Comércio
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